Segundo o advogado Luis Antonio Semeghini Souza, investidores precisam de segurança nos contratos para apostar nessa rota
Veículo: O Estado de S.Paulo
Data: 23/4/2018
Cinco meses após deixar o Cescon Barrieu (ex-Souza Cescon), o advogado Luis Antonio Semeghini Souza, fundador do escritório que levava seu nome, está de volta ao mercado ao lado de Carlos Rolim Mello e Clovis Torres, ex-executivo da Vale. A saída de Souza do antigo escritório foi tumultuada (por conta de divergências entre os sócios), mas o advogado não comenta o assunto e se limita a dizer que há negociações para um acordo, que está sob sigilo. Souza diz que a união com Mello – os dois trabalharam juntos no escritório Machado Meyer – e Torres representa um novo ciclo e o que o escritório será uma butique, com uma estrutura enxuta, mas com atuação em diversas áreas.
O mercado comentou muito sua saída do (atual) Cescon Barrieu. Como foi esse processo?
Não posso comentar esse assunto, uma vez que as discussões sobre a minha saída estão sob sigilo (o advogado Hermes Marcelo Huck conduz a mediação). O que posso dizer é que estou com um novo escritório (inaugurado oficialmente na semana passada) e um novo ciclo se iniciou.
As conversas para o novo escritório foram relativamente rápidas…
Mello, com quem eu já tinha trabalhado no Machado Meyer, me procurou e começamos a conversar. O Clovis Torres, que passou pela Vale, se juntou com a gente e agora estamos com este desafio que é ter um escritório que vai atuar em diversas áreas, mas será uma butique, com uma equipe enxuta (começou com 40 advogados).
O sr. vê um cenário favorável aos negócios, apesar das incertezas políticas?
O Brasil sempre teve um futuro a ser escrito. Passado esse turbilhão recente, acho que está estabelecida a base para o País crescer novamente. Esse crescimento se dá não pelo modelo apoiado no Estado capitalista, ora direcionado a investimentos, ora colocando recursos na mãos do setor privado. Acho que este modelo está esgotado.
Reformular os investimentos privados é a chave para retomada?
A retomada passa por financiamento de infraestrutura. Foi assim pós-crise de 1929, pós-guerra da Alemanha. Mas a iniciativa privada só entra nessa se encontrar uma saída em contratos seguros. Acredito que haverá uma combinação do Estado comprando obras e necessidade reformular o sistema de compras. Depende de como será a transparência de tudo isso.
O sr. vê uma repactuação entre setor público e privado?
Esse novo entendimento não é um desejo, é uma imposição. Quando virá? Depende da vontade de ambas as partes e dos agentes de mercado. Nada é para amanhã. Nada é imediato. (Mônica Scaramuzzo)